novembro 25, 2008

Alteridade: a sombra ou o desafio do Outro.


Quando somos gerados, estamos em profunda sintonia com o ser que nos aninha. Ali temos o alimento, o calor, enfim, tudo de que precisamos. Ao nascer, nos damos conta do espaço e do tempo e, aos poucos, do Outro. Que, primeiro, é a mãe, e depois, o pai, irmão e outros até que, crescendo, começamos a interagir com a alteridade em sua plena expressão social.

Aprendemos a convivência, mas também aprendemos a competição, a comparação, e tantas outras emoções e conceitos. O século XX nos trouxe a raiva, a concorrência, a agressividade à flor da pele, o confronto. O século XXI, contudo, está trazendo conceitos importantes e novos que põem uma outra perspectiva à questão da alteridade.

O outro está aí como parte do mundo. É algo que está integrado a UM SER único, do qual você também faz parte. Coisas que você estranha no outro são também parte de você. Aliás, se não é uma parte de você, nem reconhecerá. O outro é parte do colorido do mundo. Por isso, hoje, cada vez mais silenciamos. Há pouco a dizer, criticar, inquirir, quando nos damos conta de que o outro e nós próprios somos apenas um.

agosto 24, 2008

Comunicação, sempre?


Temos a maravilhosa possibilidade de nos comunicar, modulando frases e destacando conceitos, pela entonação. As palavras seduzem, convencem, estimulam, influenciam. No entanto, nem todas as palavras tem direção positiva.

A discussão, particularmente, é um elemento a ser analisado com mais calma. Assim como palavras que xingam, ou que detratam, são más e atraem para nosso campo energético influências negativas, a maior parte das discussões também o fazem.

No mundo atual, as pessoas se tornaram extremamente egocêntricas e tem sido um caminho difícil o de autenticação de um ser humano, a partir de seus próprios valores internos, sem apelar para algo externo ou para a competição. As discussões, portanto, em geral, são guerras de egos, conflitos para os quais as pessoas trazem não só as idéias mas também suas posturas, seus problemas pessoais. Elas chegam contaminadas, comprometidas. A luz sobre um problema, a clareza sobre um conceito, acaba sendo um subproduto que se perde no processo.

Enquanto esperamos que os seres humanos se tornem mais equilibrados e sintonizados com seu eu interno, devemos evitar as discussões. Em geral, não levam a nada. E mesmo se levarem a alguma clareza conceitual, tem consequências tão negativas para as pessoas que nelas se envolvem, que não vale a pena.

Melhor, silenciar. E deixar que o silêncio, e o tempo, tragam a clareza buscada.

junho 29, 2008

COEXISTÊNCIA DE SERES HUMANOS E ANIMAIS


O reino dos animais está ao nosso lado para que possamos elevá-lo. Como se faz isto? Dando espaço e suporte para que cada animal realize aquilo que pode e para que veio. Isso me disse um mestre e, a partir daí, andei refletindo muito sobre os animais, o que eles representam, como se relacionam com o outro reino, o vegetal, e mesmo dentro de seu próprio reino, mas especialmente com o nosso, o reino humano.

Ficou claro para mim que é possível aos animais, como disse o mestre, dar um passo além, migrando para um nível mais alto, a partir da nossa ajuda. Pessoalmente, isto foi importante pois, apesar de respeitar os animais, eu os temia. De repente, me dei conta de que os pássaros, que eu adorava, davam vida nova ao dia, se eu acordasse, ouvindo seu canto. Também observei que, ao chegar a uma pequena cidade desconhecida, ao ver um cão atravessar a rua, rapidamente me sentia familiarizada com o local. Eu me dei conta também de que vezes sem número coloquei imagens de peixes no desktop, pois me encantavam suas cores e movimentos. São belos e suaves os peixes. Mas o que tínhamos feito para elevá-los?

Ouvi deste mesmo mestre, que os bisontes foram eliminados das terras americanas e que, ali, eles tinham um papel importantíssimo: os bisontes trabalhavam energias de origem intraterrena e que não poderíamos, nós humanos, sustentar. Faziam, assim, enorme diferença naquelas planícies de onde foram retirados, dando suporte ao reino humano que ali se desenvolvia.

Os bisontes americanos, como os demais, originam-se do período Mioceno, 20 milhões de anos atrás. No final do Mioceno, há cerca de 10 milhões de anos, haviam aparecido 70 novos gêneros e no Pleistoceno, havia mais de 100. Hoje existe metade disso. Dizem que a espécie à qual pertence o bisonte americano teria migrado da Ásia para as Américas, por Beríngia, a ponte terrestre de Bering - porção de terra firme que juntou o Alasca e a Sibéria (onde hoje está o estreito de Bering), durante as glaciações. A ponte terrestre de Bering foi importante porque permitiu a migração de seres humanos da Ásia para as Américas, assim como vários animais.

O mundo nos deu os bisontes e nós os fizemos, progressivamente, desaparecer das Américas. Hoje, 28 de junho de 2008, acompanhava uma notícia sobre Minnesota, onde os bisontes, depois de 150 anos, foram reintroduzidos por uma entidade não-lucrativa, voltada à educação ambiental. Você também pode ver a notícia no seguinte link

http://edition.cnn.com/video/#/video/us/2008/04/28/bison.debate.cnn?iref=videosearch

Os responsáveis pela reintrodução do bisonte dizem que o fazem pois esta atitude contribui para a educação ambiental, um dos principais objetivos desta Ong, e também porque os bisontes trabalham as pradarias com seus cascos, ajudam a espalhar as sementes e livrar as terras de plantas indesejáveis.

Com esta visão assim tão egoísta, onde nada se fala do bisonte em si, dificilmente chegarão onde o mestre citado chegou. Olhamos sempre para o mundo tendo em vista nós próprios e não a totalidade do reino. Temos que mudar isto. Por que você não começa uma reflexão sobre o reino animal, com cuidado e respeito, para encontrar verdades novas e revigorantes sobre o incrível cenário que nos dado viver, na interação dos reinos humano, animal, mineral e vegetal. Fica aqui este convite.

março 17, 2008

FILMES: UM CAMINHO PARA O AUTOCONHECIMENTO

As pessoas vão ao cinema para relaxar, rir, curtir a adrenalina ou ver seus artistas preferidos. Outros curtem a estética: iluminação, cenários... Enfim, cada um tem seu foco. No entanto, todos, absolutamente todos, poderiam se conhecer melhor a partir de um filme. Vejamos alguns pontos que podem abrir esta porta para você.

Primeiro. Quando as pessoas saem do cinema, são impactadas diferentemente pelos diversos personagens. Observe-se.

O filme Antes de partir (The bucket list), que está nos cinemas, é um bom exemplo. Conta a história de dois homens, doentes terminais, que se encontram em um quarto de hospital. Cientes de que tem meses de vida, decidem fazer uma lista de coisas que desejariam concretizar antes de morrer. O mais rico propõe fazer a lista acontece mesmo, e se dispõe a financiar a aventura.

Terminado o filme, que é muito interessante, a grande maioria se sente afetada pelo personagem de Morgan Freeman (Carter Chambers), um mecânico, que queria ser professor de História e que viveu para a família, abrindo mão de seus sonhos: “Puxa, ele podia ter traído a esposa com um mulheraço e não o fez em nome de toda uma vida com ela... E ainda ensinou o outro."

O outro é o personagem de Jack Nicholson (Edward Cole), um sujeito muitooo ricooo, que vivia bem humorado, fazia piadas engraçadas e se divertia, planejando passar assim os últimos dias de sua vida de doente terminal. No entanto, ao conhecer Carter, ele acabará lembrando da filha, que havia se distanciado dele, e a procura, conhecendo a netinha, deixando sua vida de farra de lado.

A seleção de personagens que fazemos em um filme tem muito da projeção de nossas próprias crenças e convicções. Como a maioria de nós é criado sob a culpa do cristianismo ou, antes ainda, do judaísmo, muito facilmente adotamos o ponto de vista de Carter e olhamos de lado para aquele que não considera a família, e vive se divertindo. "O tal do Cole é frio, cara! Ele não tem moral, vive o carpe diem para valer." Será?

Tirando as crenças da parada o que vemos é que o tal do Cole é rico, bem sucedido, exerce o poder com maestria, não se deixando intimidar por quem está à sua volta, tem claro o que deseja, não quer morrer, quer usufruir a vida até o último minuto. Por que ele será tão errado assim? Dentro de que ótica? O Carter é frustrado, internamente odeia ter feito as escolhas necessárias para sustentar a família e não as que gostaria, vive em distanciamento afetivo claro de sua tão querida família e aceita, sem pestanejar, o convite para sair fora, pelo menos um pouco. Apenas na hora do adultério, a culpa bate pesado e ele volta correndo para a casa, não sem antes trazer o outro para a culpa também.

Esta é a verdade dos fatos. Quem vai para o céu? Como saber? Será que a decisão do Cole, dono do hospital, em fazer com que nenhum doente tivesse quarto privado no seu hospital, não deve ter salvo vidas por haver vagas disponíveis? Não se sabe mas poderia ser, não é? Será que, ao dar "um jeito" no marido da filha, que a surrava, não a deixou livre para ser feliz de forma saudável e criar a filha?

Segundo. Os personagens que mais o afetaram no filme tem muito a lhe ensinar sobre você mesmo.

Quando sair de um filme, faça um exame de seus sentimentos pelos personagens: quem você gostou, quem não gostou, quem você gostaria de esgoelar, quem fez você chorar ou pelo menos deixou a garganta entalada? Depois, pergunte para quem estiver junto, o que pensa dos personagens. Verá que as pessoas pensam e sentem diferente, pois na verdade projetam seus mundos internos de foram diversa sobre os personagens.

Para tirar a prova dos 9 e saber o que acontece, analise os personagens pela ótica da funcionalidade na vida: viveu bem? produziu diferença na vida de pessoas de forma ampla ou restrita a alguns? resolveu seus conflitos de forma adequada? contribuiu em algum sentido amplo? tomou decisões que levaram a mais funcionalidade na vida? atrapalhou a funcionalidade vital de outros? Deixe-me dar um exemplo. Lembram-se do personagem de Brad Pitt no filme Lendas da Paixão? É difícil não ceder à sedução do jeito selvagem e intenso do personagem de Brad Pitt, no entanto, todos os que dele se aproximam, enfrentam uma fatalidade. Ele é funcional para a vida? Sua existência leva a alguma contribuição positiva? Nem para a vida nem para os que estão em sua volta. Mas saímos do cinema com esta clareza? Aluguem o filme e se analisem. Verão como somos vítimas potenciais de pessoas de índole destruidora, com cara de santo, como é este personagem de Brad Pitt.

Bem, constatar não é tudo. O filme deve abrir para a análise interna e para uma revisão de nossas crenças. É uma impactante ferramenta a ser usada. Aproveite.

Este post participa da promoção Blogagem inédita do InterneyBlogs.

março 16, 2008

POUPAR É BOM.


O brasileiro não tem costume de poupar e isso é cultural. Em primeiro lugar, o brasileiro nem sabe que perde oportunidades a toda hora pois não tem poupança. Chegam as liquidações e ele pensa que não tem dinheiro e por isso vai perdê-las. Veja: ele não pensa "não tenho poupança".


Ensino da poupança na infância
Em nossa infância, fase de assimilar os conceitos importantes para a vida, só aprendemos - e mesmo isso, por osmose, e não por ensinamento metódico - que o dinheiro vem e sai. Conta de mais e de menos. Não existe conta de acumulação. Raramente ouvimos um pai contar que seu filho já acumulou tantos reais desde o ano passado. Isso não existe. E se for contado, parte dos parentes pensará que o menino pode ser acionado em caso de necessidade, e a outra parte pensará que logo logo o menino vai gastar tudo.

Já quando o pequeno atinge seus 16 anos e consegue um primeiro emprego, mesmo que seja como estagiário, logo dirão: "Ah! ele foi contratado e ganha tanto..!". É o ganho que se vê. Depois de alguns meses, outra macarronada de domingo e o comentário sai: "Meu filho conseguiu aquele emprego, mas gasta tudo que ganha. Não sobrou nada para comprar o presente do dia das mães..". Viram só? Gastar é a segunda observação.

Campanha pela poupança
O prestígio popular que o atual governo tem poderia fazer com que ele estimulasse o brasileiro a poupar. Só de ouvir o presidente falando com aquela linguagem chula dele, sobre poupança, o brasileiro já iria começar a poupar. Pelo menos sairia deste governo, nas próximas eleições, tendo feito algo realmente que mudasse a estrutura do nosso país. É uma pena, pois ele é celebrado como era padre cícero e outros similares. Seria um grande serviço à nação.

Neste momento, em que há uma estabilidade na economia e uma confiança no governo, isso seria muito importante. Os problemas da economia americana, tão fortemente atrelada à nossa, seguramente terão efeitos progressivamente mais drásticos em nossa economia a partir de outubro de 2008. Somente um povo com uma certa poupança poderia enfrentar o que vem pela frente com mais tranquilidade. Tomara que algum assessor do presidente lhe mostre isso. Uma campanha pela poupança ajudaria inclusive a afastar o que o presidente chama de "doença desgraçada", ou seja, a inflação. O país está prontinho para poupar. Será que alguém vai assoprar isso nos ouvidos ambiciosos dos políticos?

março 03, 2008

MOTIVOS PARA O STRESS.

Toda vez que alguém comenta sobre stress, vem os motivos de sempre: muito trabalho, horas sem dormir, dedicação exagerada, não pára de viajar, está sempre falando no celular, tem um ritmo de trabalho maluco, e vai por aí afora.

Bobagem. Lembra-se de quando trabalhou doidamente para preparar "aquela" festa que, por sinal, saiu bárbara, e como apareceu, incrivel, no momento do happening, como se não tivesse ficado 14 horas trabalhando para isso, direto? Pois é. Tenho certeza de que poderá me listar vários outros momentos de dedicação incansável a um propósito, e de uma performance esplêndida, na hora H.

"Ah! mas eu era mais jovem!"... Não é isso, não. O stress vem quando a gente trabalha, atua, desempenha em uma determinada direção, e dela não vem nenhum resultado. Você aplica dias e dias à montagem de eventos em sua empresa. Checking list, prévia com os palestrantes, reuniões seguidas com o time de apoio e, no final, as coisas não funcionam. Ou podem até funcionar, mas ninguém elogia seu trabalho, como se ele fosse tão mecânico quanto a porta do elevador que abre e fecha a cada andar.

Isso dá stress. E muito!

Portanto, quando começar a esquecer coisas, quando se pegar olhando de forma alienada as pessoas e o que está à sua volta, quando começar a ficar irritado com tudo e todos, pergunte-se onde é que está aplicando tanta energia? E que retorno esta coisa onde aplica a energia lhe dá? Verá que imediatamente identificou a grande fonte de seu stress.

Mudar prioridades, reesquematizar horários e equipes, tornar os procedimentos mais abertos, enfim, várias são as providências que você poderá tomar para aplicar menos esforço naquela tarefa identificada. Com o tempo mais livre, pense em que coisas você aplicaria dias e dias sem dormir, com o maior prazer. Pois é. Então, mude de vida!

NÃO CONSIGO DORMIR!

Muitas vezes, um dia chato, problemas insolúveis, conflitos, mágoas, preocupações impedem que acalmemos nosso espírito para dormir. E lá chega 2h30 da manhã, com você revirando nos lençóis.

Um calmante floral pode ajudar mas tem dia que a coisa está feia mesmo e isso não ajuda.

Primeiro: nunca, nunca, nunca se force a dormir. Você não é obrigado a dormir só porque é nosso costume. É lógico que, de manhã, estará imprestável e isso poderá comprometer sua eficácia no dia, mas não será o fim do mundo. Se você estivesse com um febrão, não iria acontecer o mesmo? Então, deixe a cobrança para lá.

Segundo: comece a organizar alguma coisa. Os livros da biblioteca, o armário que está com as roupas penduradas de forma desorganizada, a gaveta de calcinhas... ou cuecas! Enfim, arrume. A atenção que terá que dar à classificação das coisas, disposição nos espaços apropriados e de forma correta, limpeza do recipiente - quer seja a gaveta, o armário ou a prateleira da biblioteca, isso distrairá você. Aquele pensamento fixo sobre "estar insone" desaparecerá e o corpo reconhecerá, aos poucos, a necessidade de relaxamento e descanso.

Terceiro: volte, então, a dormir e visualize com carinho cada parte do seu corpo. Feche os olhos, imagine uma série de pontos dourados, envolvendo seus pés, depois seu tornozelo, as pernas, o bum bum, a barriga e vá subindo até chegar à cabeça. É um outro recurso para seu cérebro reconhecer prazer, cuidado, carinho, aconchego, confiança, paz. Estará dormindo rápido, vai ver. E possivelmente sonhará com a solução daquilo que tirou seu sono primeiro.

março 02, 2008

O MUNDO É COMPLETO

Lia outro dia Goldsmith, autor norte-americano, de grande profundidade espiritual. Ele questionava o motivo de orarmos para que Deus nos dê recursos, alimento, enfim, tudo que costumamos pedir nas orações. Dizia que não temos porque pedir nada a Deus já que ele fez o mundo como obra foi completa. Se você plantar rosas em uma terra, ela lhe devolverá rosas, e não outra coisa qualquer. Deus teria criado um mundo cheio de alimentos e recursos para toda a população. Se temos necessidades, nós mesmos as criamos. Ela é um produto cultural, social ou psicológico.

Levei um tempo refletindo sobre isso. Por um lado, era maravilhoso constatar que é verdade - existe uma natureza em volta de nós, em doação permanente e absoluta.

Por outro, foi terrível internalizar que estamos aqui com absoluta e total responsabilidade. Se nos falta algo, fizemos por chegar neste momento e nesta ausência. Ou seja, podemos fazer o caminho reverso.

Vale a pena ler o livro e refletir sobre estarmos entregues a nós próprios, tendo tudo em volta para nós.

A Arte de Curar pelo Espírito. Goldsmith, Joel S. Editora Martin Claret. São Paulo, 2005.